13 fevereiro 2018

Educação na Revista Espírita

Educação de Além-Túmulo

Escrevem-nos de Caen:

“Uma mãe e suas três filhas, querendo estudar a Doutrina Espírita, não podiam ler duas páginas sem sentir um mal-estar, de que não se davam conta. Um dia encontrei-me em casa dessas senhoras com uma jovem médium, sonâmbula muito lúcida; Esta adormeceu espontaneamente e viu perto de si um Espírito que reconheceu como o abade L..., antigo cura do lugar, morto há uns dez anos.

“P. – Sois vós, senhor cura, que impedis esta família de ler?

“Resp. – Sim, sou eu. Velo incessantemente sobre o rebanho confiado aos meus cuidados. Há muito tempo que vos vejo querer instruir minhas penitentes em vossa triste doutrina. Quem vos deu o direito de ensinar? Fizestes estudos para isto? (R.E. maio 1868, p. 204)

Educação errada incentiva a gulodice

De todas as pragas morais da sociedade, o egoísmo parece a mais difícil de desenraizar; ela é tanto mais, com efeito, quanto é entretida pelos próprios hábitos da educação. Parece que se toma, desde o berço, a tarefa de excitar certas paixões que se tornam mais tarde uma segunda natureza, e se espanta dos vícios da sociedade, então que as crianças os sugam com o leite. Eis disso um exemplo que, como cada um pode julgá-lo, pertence mais à regra do que à exceção.

Numa família de nosso conhecimento há uma pequena filha de quatro a cinco anos, de uma inteligência rara, mas que tem os pequenos defeitos das crianças mimadas, quer dizer, que ela é um pouco caprichosa, chorosa, teimosa, e não diz sempre obrigado quando se lhe dá alguma coisa, essa cujos pais têm grandemente interesse em corrigi-la, porque, à parte esses defeitos, ela tem um coração de ouro, expressão consagrada. Vejamos como se empenham para tirar essas pequenas nódoas e conservar ao ouro a sua pureza.

Um dia, havia sido trazido um bolo à criança, e, como é geralmente o hábito, se lhe disse: "Tu o comerás se fores obediente;" primeira lição de guloseima. Quantas vezes não chega a dizer, à mesa, a uma criança, que não comerá de tal gulodice se chorar. "Faze isto, faze aquilo, se lhe diz, e tu terás do creme" ou alguma outra coisa que possa lhe fazer inveja; e a criança se constrange, não por razão, mas tendo em vista satisfazer um desejo sensual que a aguilhoa. É bem pior ainda quando se lhe diz, o que não é menos frequente, que se dará sua porção a um outro; aqui não é mais a gulodice só que está em jogo, é a inveja; a criança fará isso que se lhe manda, não só para ter, mas que um outro não tenha. Quer se lhe dar uma lição de generosidade? diga-se-lhe: "dá esse fruto ou esse ou esse brinquedo a um tal." Se ela recusa, não se deixe de acrescentar, para simular nela um bom sentimento: "Eu te darei um outro dele;" de maneira que a criança não se decida a ser generosa senão quando está certa de nada perder. (R.E. fev de 1864, p. 59)

Causas da desigualdade no desenvolvimento intelectual e moral 

A ideia da reencarnação é tão natural que, não fosse a tirania exercida sobre nós pelo hábito das ideias contrárias que a educação nos impôs desde a infância, nós a aceitaríamos facilmente.

Como explicar essa desigualdade no desenvolvimento intelectual e moral, que em certos casos se seria tentado a chamar desigualdade da Natureza, se não se admite entre o espírito inferior e o espírito superior a mesma relação que existe entre a criança e o homem feito, e por vezes entre o homem e o anjo? Se não se admite que o último viveu mais que o primeiro e pôde progredir num maior número de vidas sucessivas?

Dirão que é um efeito da diferença da organização física e da educação? A isto responderíamos que estas causas podem explicar, no máximo, as superioridades aparentes, mas não as reais.

O órgão serve mais ou menos bem à faculdade, mas não a dá; já o demonstramos inúmeras vezes. De tal sorte que um espírito muito desenvolvido, num corpo mal conformado, pode fazer um homem muito ordinário, ao passo que um espírito relativamente menos adiantado, servido por bons órgãos, fará um homem que lhe será em aparência muito superior. Mas essa falsa superioridade, que não considera senão a faculdade de expressão, e não o poder de pensar, iludirá apenas o observador superficial, mas não enganará o espírito penetrante. “Não padece dúvida, diz J. Simon, de que existem espíritos de escol cujo valor sempre ficará desconhecido, por lhes faltar a faculdade de expressão. Vê-se essas almas cheias de ideias, que o vulgo despreza e que passam por inferiores e desprovidas de razão, embora os espíritos penetrantes captem algumas vezes em sua linguagem os traços de uma força incomparável. Pergunta-se, pensando nelas, se não se está na presença de um gênio encantado sob uma forma que o impede de manifestar-se em sua plenitude e em seu esplendor.”

Aliás, não é sabido que Sócrates havia recebido da Natureza um corpo cujos impulsos o teriam levado à devassidão, e que o filho de Sofrônico dele fez um sábio, um modelo para os homens, em vez do libertino que a Natureza parecia querer fazer?

Quanto à educação, não temos diariamente sob os olhos a prova de que a sua influência é grande? Não obstante, ela não chega a mudar completamente a natureza do homem, fazendo de um celerado um prêmio Monthyon e de um idiota um Newton.

Quantas pessoas honradas que jamais receberam lições de ninguém! quantas não se viram obrigadas a combater os ensinos perniciosos! e quantos velhacos infames foram educados com todos os cuidados imagináveis! Cômodo não era filho e discípulo de Marco Aurélio? e nos devemos ufanar das lições dos jesuítas, mestres de Voltaire, da independência do pensamento do discípulo,
de seu horror pela intolerância e pelo fanatismo religioso, e de seu desprezo pelas superstições? (R.E. dez. 1869, p. 504)

EDUCAÇÃO
erros graves na – fev. 1864, p. 60
finalidade da – set. 1867, p. 376
instinto assassino e – dez. 1859, p. 516
obras de * de Hippolyte Léon Denizard Rivail – maio
1869, p. 186

EDUCAÇÃO MORAL DOS ESPÍRITOS
São Luís (Espírito) e – jul. 1865, p. 285
educação moral do – jul. 1865, p. 285
educação moral do – jul. 1865, p. 285, 288

FACULDADES HUMANAS
ação da educação sobre as – set. 1865, p. 368

GULODICE
educação alimentícia errada e incentivo à – fev.
1864, p. 59

INSTINTO DE CONSERVAÇÃO
educação e – dez. 1859, p. 516
Educação materna, A – jul. 1864, p. 302
educação moral dos Espíritos e – jul. 1865, p. 285

PAIS
amor dos – fev. 1859, p. 78
educação das crianças e despreparo dos – fev. 1864, p. 61

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