30 janeiro 2016

Revista Espírita de 1858: Anotações

Apresentação

No capítulo 3.º de O Livro dos Médiuns, Allan Kardec indica a Revista Espirita como obra indispensável para o estudo da Doutrina. Aconselha mesmo a seguinte ordem para esse estudo: 1.º) O que é o Espiritismo (Introdução); 2.º) O Livro dos Espíritos (Fundamental); 3.º) O Livro dos Médiuns (Fundamental); 4.º) a Revista Espírita (Complementar)

Janeiro de 1858

Introdução

Talvez nos contestem a qualificação de Ciência, que damos ao Espiritismo. Certamente não teria ele, em nenhum caso, as características de uma Ciência exata, e é precisamente aí que reside o erro dos que o pretendem julgar e experimentar como uma análise química ou um problema matemático; já é bastante que seja uma Ciência filosófica. Toda ciência deve basear-se em fatos, mas os fatos, por si sós, não constituem a Ciência; ela nasce da coordenação e da dedução lógica dos fatos: é o conjunto de leis que os regem. Chegou o Espiritismo ao estado de Ciência? Se por isto se entende uma ciência acabada, seria sem dúvida prematuro responder afirmativamente; entretanto, as observações já são hoje bastante numerosas para nos permitirem deduzir, pelo menos, os princípios gerais, onde começa a Ciência.

Nota: Por mais abundantes sejam nossas observações pessoais e as fontes onde as recolhemos, não dissimulamos as dificuldades da tarefa, nem a nossa insuficiência. Para suplementá-la, contamos com o concurso benevolente de todos quantos se interessam por essas questões; seremos, pois, bastante reconhecidos pelas comunicações que houverem por bem transmitir-nos acerca dos diversos assuntos de nossos estudos; a esse respeito chamamos a atenção para os seguintes pontos, sobre os quais poderão fornecer documentos:

1.º) Manifestações materiais ou inteligentes obtidas nas reuniões às quais assistirem; 
2.º) Fatos de lucidez sonambúlica e de êxtase; 
3.º) Fatos de segunda vista, previsões, pressentimentos, etc; 
4.º) Fatos relativos ao poder oculto, atribuídos com ou sem razão a certos indivíduos; 
5.º) Lendas e crenças populares; 
6.º) Fatos de visões e aparições; 
7.º) Fenômenos psicológicos particulares, que por vezes ocorrem no instante da morte; 
8.º) Problemas morais e psicológicos a resolver; 
9.º) Fatos morais, atos notáveis de devotamento e abnegação, dos quais possa ser útil propagar o exemplo;
10.º) Indicação de obras antigas ou modernas, francesas ou estrangeiras, onde se encontrem fatos relativos à manifestação de inteligências ocultas, com a designação e, se possível, a citação das passagens. Do mesmo modo, no que diz respeito à opinião emitida sobre a existência dos Espíritos e suas relações com os homens, por autores antigos ou modernos, cujo nome e saber possam lhes dar autoridade.

Não daremos a conhecer o nome das pessoas que nos enviarem as comunicações, a não ser que, para isto, sejamos formalmente autorizados.


As comunicações inteligentes entre os Espíritos e os homens podem ocorrer por meio de sinais, pela escrita e pela palavra.


O quadro das formas de manifestações resume-se: ação oculta, ação patente ou manifestação, manifestações físicas ou materiais, manifestações visuais ou aparições e manifestações inteligentes.


A natureza das comunicações varia conforme o grau de elevação ou de inferioridade, de saber ou de ignorância do Espírito que se manifesta, e segundo a natureza do assunto de que se trata. Podem ser: frívolas, grosseiras, sérias ou instrutivas.




26 janeiro 2016

Suicídio: Cuidados e a Causa da Cegueira de Camilo Castelo Branco

Tese: Curso de preparação para reencarnar com segurança  impedir que o suicida cometa o mesmo erro. 

Em Memórias de um Suicida, obra mediúnica de Yvonne A. Pereira, podemos observar a trajetória (desde o ato até a próxima encarnação) dos Espíritos que cometeram suicídio. O livro trata em especial de Camilo Castelo Branco, mas há, também, referência a outros Espíritos. Na leitura deste exemplar, notamos o empenho dos mentores espirituais para recuperar o suicida e dar-lhe condições de ter novamente uma vida sadia. 

Os cuidados dos mentores espirituais são um hino à disciplina. Inicialmente, as visitas dos terráqueos são proibidas aos réprobos. Depois, estes são orientados no refazimento do erro, ou seja, de terem tirado a própria vida. Há a Legião dos Servos de Maria, caravanas de Espíritos que estendiam a fraternidade ao extremo, auxiliando sobremaneira cada um desses Espíritos. Conforme o progresso alcançado, havia o convite para frequentar os cursos de Filosofia, Moral e, principalmente, do Evangelho de Jesus Cristo. 

Há muitas citações evangélicas. Entre elas, anotamos: "Deixai vir a mim as criancinhas, que delas é o reino dos Céus"; "Honrai vosso pai e vossa mãe"; "Vinde a mim, vós que sofreis e vos achais sobrecarregados, e eu vos aliviareis"; "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo"; "A cada um segundo as suas obras"; "Vinde a mim, benditos de Meu Pai, passai à minha direita".

No capítulo V da terceira parte, há explicações sobre a causa da cegueira de Camilo Castelo Branco. No século XVII, desejava casar-se com Maria Magda. Esta prefere desposar Jacinto de Ornelas y Ruiz. Mesmo ingressando na Companhia de Jesus, esta paixão não lhe saiu da cabeça. Depois de algum tempo, encontra o casal e toma conhecimento que ele é "reformista". Com esse pretexto, prende-o, tortura-o e deixa-o cego. Como a Lei divina cobra os efeitos da ação, veio sofrer de cegueira, quando da sua última encarnação, que o levou ao suicídio. 

O duro ensinamento: "O suicida é um Espírito criminoso, falido nos compromissos que tinha para com as Leis sábias, justas e imutáveis estabelecidas pelo Criador, e que se vê obrigado a repetir a experiência na Terra".  





11 janeiro 2016

Memórias de Um Suicida (Livro)

O livro Memórias de um Suicida está dividido em três partes: na primeira, trata dos Réprobos (7 capítulos); na segunda, dos Departamentos (8 capítulos); na terceira, da Cidade Universitária (7 capítulos). Numa passada de olhos pelos títulos dos capítulos, percebemos a situação dos réprobos, a existência de um hospital, o manicômio, os prelúdios da reencarnação, a justiça divina, o "vinde a mim" e, em especial, o convite para que o homem conheça a si mesmo e liberte-se de seu passado tenebroso. 

Embora a obra tenha sido publicada como mediúnica, Yvonne A. Pereira (médium) diz que as suas páginas não foram rigorosamente psicografadas, pois ela via e ouvia as cenas que foram descritas. Foi auxiliada pelo Espírito Léon Denis que, na segunda edição, revisou todo o material e suprimiu os excessos de vocabulário e acúmulos de figuras representativas.

O livro trata dos Espíritos que cometeram suicídio e, em especial, do romancista Camilo Castelo Branco, cuja médium preferiu chamá-lo de Camilo Cândido Botelho. O nome que se usa para caracterizar os que cometeram o suicídio é "réprobo". Detalhe: o suicídio de Camilo derivou-se da revolta em se encontrar cego. 

O primeiro capítulo é dedicado ao vale dos suicidas. É o lugar em que se encontram os suicidas. Pequena descrição: “gargantas sinuosas e cavernas sinistras, no interior das quais uivavam, quais maltas de demônios enfurecidos, Espíritos que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza, verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os martirizavam”.

Os Espíritos são sempre auxiliados. Há o Hospital Maria de Nazaré, que funciona como "Hospital Matriz”, e não se rodeia de qualquer barreira. Apenas árvores frondosas, tabuleiros de açucenas e rosas teciam-lhe graciosas muralhas. Há, também, a Legião dos Servos de Maria, Espíritos abnegados que sondam o íntimo de cada um. De acordo com o progresso realizado, transferem-nos para outros campos de aprendizado.

No campo doutrinário espírita, uma grande descoberta, ou seja, o conhecimento de que o “corpo astral”, isto é, o perispírito – ou ainda o “físico-espiritual” – não é uma abstração, figura incorpórea, etérea, como a maioria supõe. Ele é, ao contrário disso, organização viva, real, sede das sensações, na qual se imprimem e repercutem todos os acontecimentos que impressionem a mente e afetem o sistema nervoso, do qual é o dirigente.

A leitura deste livro é de suma importância, pois a grande surpresa para os que cometem suicídio é continuarem vivos. 

PEREIRA, Yvonne A. Memórias de um Suicida (Obra Mediúnica). Rio de Janeiro: FEB, 1980.






08 janeiro 2016

Capacidade

Capacidade. Do latim capacitas, aptidão (física, mental e intelectual) de uma pessoa. P. ext. Indivíduo que possui muito conhecimento. Em filosofia, termo alternativo para a potencialidade das coisas e tem ligação com a noção de ato e potência. Sinônimos de capacidade: aptidão, habilidade, inclinação, jeito, orientação, predisposição, propensão, qualidade, tendência e vocação.

Ato e potência. A oposição entre o que é de fato, ou realmente, o caso, e o que podia ter sido ou pode vir a ser o caso. Há várias formas de se dizer que algo está em potência. Um fruto está em potência na semente, já que na natureza da semente há a possibilidade de esta gerar o fruto. A estátua de Hermes está em potência no bloco de madeira, já que este contém a possibilidade de ser transformada em uma estátua. 

Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, temos:

  • Pergunta 361 - De onde vêm para o homem as suas qualidades morais, boas ou más? São as do Espírito que está nele encarnado; quanto mais puro é esse Espírito, mais o homem é propenso ao bem. 
  • A idiotia se explica pela insuficiência dos meios que o ser humano têm para se comunicar. Assemelha-se ao mudo que sofre por não poder falar. 
  • Perguntas 804 - Por que Deus não deu as mesmas aptidões para todos os homens? Deus criou todos os seres iguais. Uns mais velhos e outros mais dinâmicos propiciaram os diversos tipos de aptidões. A mistura de aptidões é necessária a fim de que cada um possa contribuir para os desígnios da Providência, nos limites de suas forças. O que um não faz o outro faz. 

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec esclarece-nos que a missão do homem inteligente na Terra é auxiliar os menos capacitados. Nesse sentido, a educação de uma alma é substancial para o seu aperfeiçoamento. Caso sejamos educadores, criemos condições para que o educando possa se desenvolver por si mesmo, a fim de se capacitar para cumprir os seus deveres com galhardia. 

O Espírito Emmanuel, na lição 170 "Amanhã", de Vinha de Luz, alerta-nos para a atividade plena de nosso Espírito imortal. Diz o preguiçoso: "amanhã farei". Exclama o fraco: "amanhã, terei forças". Assevera o delinquente: "amanhã, regenero-me". "É imperioso reconhecer, porém, que a criatura, adiando o esforço pessoal, não alcançou, ainda, em verdade, a noção real do tempo.

Por fim, reconheçamos que tudo o que é digno de ser feito é digno de ser bem feito. 




07 janeiro 2016

Vida Eterna

Vida eterna. Do ponto de vista espírita, é a vida normal e final do Espírito. Consiste em conhecer a Deus e a Jesus Cristo, que foi enviado em seu nome. O Espírito Emmanuel chama-nos a atenção para a diferença entre o conceito de "vida" e "uma vida". Uma vida: nascimento, infância, juventude, mocidade, maturidade, velhice e morte. A vida: participar da Criação pelo sentimento e pelo raciocínio; é ser alguém e alguma coisa no concerto do Universo.

Anotamos três versículos da Bíblia que tratam da vida eterna. "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16); "Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 6:23); "Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3).

Para adentrar na vida eterna, urge trabalhar no aperfeiçoamento interior e na construção da pureza perfeita, pois só assim o ser está em condições de se aproximar da divindade e executar a sua vontade em benefício de si próprio e da comunidade em que vive. Nesse sentido, o ensinamento trazido pela "porta estreita" é de suma importância. É o apelo para que as nossas ações se voltem para o essencial à evolução do Espírito. Os prazeres, que nos afastam do bom caminho, devem ser deixados de lado.

O Espírito Emmanuel, em "Palavras da Vida Eterna",  pede, ao Senhor da vida, o entendimento para reproduzir os ensinamentos do Cristo com a chaves da Doutrina Espírita. Eis alguns versículos comentados: "Ninguém põe remendo de pano novo em vestido." - Jesus (Mateus, 9,16) "Vigiai e orai para não entrardes em tentação." - Jesus (Marcos, 14,38) "A fé que não tiver obras, é morta em si mesma." (Tiago, 2,17) "Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?" - Jesus (Marcos, 8,36) "Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem." - Jesus (Mateus, 5,44) "Examinai tudo. Retende o bem." - Paulo (I Tessalonicenses, 5,21)

Algumas perguntas para reflexão: como está o nosso preparo para a vida eterna? Estamos na superfície ou procuramos penetrar na profundidade das máximas evangélicas? Que tipo de pensamento tem nos visitado ultimamente? Somos vacilantes diante de uma simples dificuldade? O que estamos esperando além-túmulo? A vida futura é, para nós, uma realidade ou uma simples abstração?




Separação

Separação. Partição, divisão, desunião. Afastamento, quebra de uma união íntima, ruptura do casamento. Os sinônimos de separação são: desagregação, divisão, desintegração, desunião, desmembração, fragmentação, ramificação, secessão e subdivisão.

A separação tem a sua finalidade: obriga os separados a repensarem a vida. Antes da separação, tudo arrumado, tudo certinho; depois, cada qual tem que repensar os seus afazeres diários, constituir novos relacionamentos. Não é sem razão que muitos artistas de cinema casam-se várias vezes. Há relatos de cônjuges descasados que voltam a se casar.

Em se tratando da separação, convém observar: por mais aflitiva que seja a quebra de um relacionamento, devemos sempre respeitar as posições das pessoas. Nada se nos acontece por acaso. Quando Deus fecha uma porta, abre dez. É preciso suportar a separação da mesma forma que uma árvore tolera a poda. Um exemplo: a bifurcação de uma estrada serve para atender ao progresso. O mesmo deveria esperar da bifurcação do nosso destino, ou seja, o progresso de nossa alma imortal.

Preocupamo-nos em demasia com aqueles que nos deixam na construção do bem. O Espírito André Luiz, na lição 38 de Sinal Verde, alerta-nos de que se alguém nos abandona e não somos capazes de atender a obra em regime de solidão, a Divina Providência nos envia novos companheiros que se nos associam à luta edificante.

simbologia da paz e espada ajuda-nos a entender este tema. Jesus dissera que não veio trazer a paz, mas espada; viera para separar o pai do filho, a filha da mãe, a nora da sogra. O que está em jogo é que toda ideia nova gera oposição. A importância da nova ideia é proporcional à resistência encontrada. Se a ideia fosse julgada sem consequência, deixá-la-iam passar, mas, como se sentem ameaçados, fazem de tudo para dificultar a sua propagação.

Em se tratando das separações conjugais: 1) O Espírito Emmanuel, comentando a passagem evangélica sobre o divórcio, diz-nos que “partindo do princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o divórcio, a rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas”. Entende-se que o regime monogâmico é o que melhor se presta para a evolução do ser encarnado; 2) O Espiritismo nos ensina que no casamento, o que é de Natureza Divina é a união dos sexos e a Lei do Amor para operar a renovação dos seres que morrem; mas as condições que regulam essa união são de ordem humana, sujeita aos costumes de cada povo.

Para reflexão: e se Jesus não tivesse partido?

Fonte de Consulta 

XAVIER, Francisco Cândido. Sinal Verde, pelo Espírito André Luiz, lição 38. 

 





05 janeiro 2016

Eurípedes Barsanulfo

Eurípides Barsanulfo (1880-1918) nasceu e morreu em Sacramento, Minas Gerais. Foi professor, político e espírita. Em sua juventude, como era muito estudioso, tornou-se secretário da Irmandade de São Vicente de Paula, tendo participado ativamente da fundação do jornal "Gazeta de Sacramento" e do "Liceu Sacramentano".

Ao tomar contato com as obras da Codificação, despertou-lhe o interesse pelos estudos sérios do Espiritismo tendo, como consequência, a incompreensão dos seus familiares e amigos mais próximos. Sob pressões de toda ordem e impiedosas perseguições, Eurípedes sofreu forte traumatismo, retirando-se para tratamento e recuperação em uma cidade vizinha, época em que nele desabrocharam várias faculdades mediúnicas, em especial a de cura, despertando-o para a vida missionária.

A produção de vários fenômenos mediúnicos repercutiu na sociedade. Daí, muitas pessoas procuravam Sacramento para a cura de seus males. Ninguém saia sem um lenitivo para a sua dor. Com a intensidade dos trabalhos espirituais, sentiu necessidade de divulgar o Espiritismo, aumentando o número dos seus seguidores. Para isso, fundou o "Grupo Espírita Esperança e Caridade", no ano de 1905.

Um fato marcante no exercício de sua mediunidade: certa ocasião caiu em transe em meio dos alunos, no decorrer de uma aula. Voltando a si, descreveu a reunião havida em Versailles, França, logo após a 1.ª Guerra Mundial, dando os nomes dos participantes e a hora exata da reunião quando foi assinado o célebre tratado.

Eurípedes fundou, em 1.º de abril de 1907, o Colégio Allan Kardec, um verdadeiro marco no campo do ensino. Seu trabalho ficou tão conhecido que, ao abrirem-se as inscrições para matrículas, as mesmas se encerravam no mesmo dia.

O robustecimento do movimento espírita incomodava o clero católico. Este, com o tempo, desenvolveu uma campanha difamatória contra Eurípedes e a Doutrina Espírita. Para se defender, usava as colunas do jornal "Alavanca", discorrendo principalmente sobre o tema: "Deus não é Jesus e Jesus não é Deus". 

Em vista das divergências doutrinárias, o padre convidou-o para um debate. O padre começou a discussão nos seguintes termos: o Espiritismo é a "doutrina do demônio e seus adeptos, loucos passíveis das penas eternas". Eurípedes, por sua vez, com lógica e dando vazão à sua inteligência, descortinou os desvirtuamentos doutrinários apregoados pelo Reverendo, reduzindo-o à insignificância dos seus parcos conhecimentos.

Fonte de Consulta

NOVELINO, CORINA. Eurípedes, o Homem e a Missão. 3.ed., Araras/SP, IDE, 1979.




04 janeiro 2016

Ir e Pregar

“Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.” (Mateus, 4,17)

Comecemos o estudo deste tema com duas citações bíblicas: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura." (Marcos 16, 15) “Portanto, ide e ensinai.” (Mateus 28, 19 e 20) Em Marcos, há ênfase na pregação; em Mateus, no ensino. Há diferença entre pregar e ensinar? 

Pregar significa fazer sermão para convencer o público, divulgar uma ideia ou um conceito. Exemplo: Pregar a não violênciaEnsinar significa transmitir conhecimentos, instruir alguém em determinada matéria. Desta maneira, quem ensina faz mais do que aquele que prega. Ele não só proclama algo como também instrui, explica, argumenta, raciocina e esclarece por meio da razão.

O Espírito Emmanuel, no capítulo 116 ("Ir e Ensinar") de Fonte Viva, esclarece-nos o sentido do "ir e ensinar". Em seu entender, Jesus poderia ter enviado os seus emissários, mas preferiu vir pessoalmente para nos dar o exemplo de como nos aperfeiçoarmos e adentrarmos no reino dos céus. Ressaltou a humildade como o fundamento de todo o ensinamento.

Nas suas pregações, Jesus esclarecia-nos sobre o dogma da vida futura. Por isso, dizia que o seu reino não era deste mundo, mas do mundo interior, do mundo moral. A vida não é só física, mas também moral e espiritual. Os valores morais e espirituais são conquistados pelo esforço diário na prática do bem e do amor ao próximo.

Em se tratando da pregação, Allan Kardec, quando codificou a Doutrina Espírita, tinha por princípio não fazer proselitismo. Nesse sentido, ao pregarmos o Evangelho, façamos com que cada ouvinte pense pela sua própria cabeça. O discurso contundente pode levar muitas almas ao precipício, pois obedecendo cegamente à voz o orador acaba não refletindo sobre o que é certo e o que é errado. 

O Espírito Emmanuel, no capítulo 144 ("Em Meio de Lobos") de Vinha de Luz, tece comentários sobre o "Ide, eis que vos mando como cordeiros ao meio dos lobos”. Jesus queria que os cordeiros fossem fortes para vencer as artimanhas dos lobos devoradores. Eis o apelo do Cristo: "É imprescindível caminhar na direção dos lobos, não na condição de fera contra fera, mas na posição de cordeiros-embaixadores; não por emissários da morte, mas por doadores da vida eterna".

A lição do arado é também muito importante. Jesus disse que aquele que lançar mão do arado e olhar para trás não é digno do reino de Deus. Quer dizer, temos que nos preparar para sofrer qualquer tipo de admoestação, pois uma vez iniciada a jornada do Evangelho não podemos mais voltar atrás. 

Para reflexão: como estamos disseminando a palavra do Cristo?