30 outubro 2015

Mártir

Mártir. Do grego martys, "testemunha". Pode tratar-se de um testemunho no plano histórico, jurídico ou religioso. Um "mártir" é alguém que é morto injustamente por aquilo em que acredita. Por extensão, pessoa que sofre extremamente ou morre por uma causa. Figuradamente, todo e qualquer gênero de sofrimento corporal ou moral.

Martírio. Sofrimento e morte suportados por fiéis à fé. Morte ou tormentos sofridos pela religião cristã: a palma do martírio; o martírio de Cristo. Martirológico diz respeito à história dos mártires. Martirológio, ou seja, louvor dos mártires, significa a lista dos mártires com as datas das suas mortes. Por extensão, catálogo de vítimas.

Nos três primeiros séculos da era cristã, os martírios foram numerosos. Na época do imperador Diocleciano, por exemplo, havia a "era dos Mártires", mencionando a grande quantidade de vítimas ocorrida entre 303 e 313.

Jesus é o protótipo do mártir. Pela voluntariedade do seu sacrifício, deu o testemunho supremo da sua fidelidade à missão que o Pai lhe confiou. Dizia: "Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade" (cf. Ap 1,5; 3,14).

O evangelista Lucas sublinha, na Paixão de Jesus, os traços definidores do mártir. Conforto da graça divina na hora da angústia (Lc 22,43); silêncio e paciência diante das acusações e dos ultrajes (23,9); inocência reconhecida por Pilatos e Herodes (23,4); esquecimento dos próprios sofrimentos (23,28); acolhida prestada ao ladrão arrependido (23,43); perdão dado a Pedro (22,61) e aos próprios perseguidores (22,51; 23,34).

Observe que não somente Cristo fora tratado como mártir. A morte de Sócrates também foi vista como um martírio. Por quê? Para a Igreja cristã, como Jesus era o Verbo, Sócrates fora uma espécie de cristão pré-cristianismo.

Os mártires do Espiritismo. Na religião, o martírio liga-se ao derramamento de sangue. Como o Espiritismo não é uma religião, não há necessidade desse derramamento. Na "Revista Espírita" (abril de 1862), Allan Kardec diz que os mártires do Espiritismo encontram-se naqueles que lutam pela ideia nova; são chamados de loucos, insensatos, visionários. Acrescenta: "O progresso do tempo trocou as torturas físicas pelo martírio da concepção e do parto cerebral das ideias que, filhas do passado, serão mães do futuro". 

Fonte de Consulta

GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].

LEMAÎTRE, Nicole, QUINSON, Marie-Thérèse e SOT, Véronique. Dicionário Cultural do Cristianismo. Tradução de Gilmar Saint'Clair Ribeiro, Maria Stela Gonçalves e Yvone Maria de Campos Teixeira da Silva. São Paulo: Loyola, 1999.

LEON-DUFOUR, X. et al. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro: Vozes, 1972.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/m%C3%A1rtir


28 outubro 2015

Inveja

"A inveja é uma víbora que espreita a sua futura vítima a todos os instantes, até encontrar ensejo favorável de inocular-lhe o seu vírus letal."

Inveja. Vem do latim invidia, vontade de não ver, despeito, inveja. Era também o nome de uma deusa do mal, filha da Noite. Consiste na tristeza pelo bem ou alegria pelo mal alheios como se fossem obstáculos ao progresso pessoal de um determinado sujeito. (1)

Nos chamados pecados capitais (gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e vaidade), o jornalista Zuenir Ventura apontou a inveja como o pior dos vícios. A inveja distingue-se da "emulação" e da "indignação". A inveja é um sentimento de desgosto pelo êxito do próximo. A emulação é almejar o êxito do outro, mas com esforço de suplantá-lo. Indignação é a tristeza pela injustiça da posse do bem alheio.

A psicologia explica-nos que há emoções primárias (alegria, medo...), emoções ligadas à estimulação sensorial (dor, repugnância...), emoções ligadas à auto-estima (culpa, remorso...) e emoções ligadas a outras pessoas (amor, ciúme, inveja, ódio). Isto quer dizer que a caracterização da inveja necessita de outras pessoas. Para Freud, a inveja é explicada através do Complexo de Édipo: o garoto sente inveja do pai; a garota, da mãe. 

Para o invejoso e o ciumento não existe repouso: sofrem ambos de uma febre incessante.  As posses alheias lhes causam insônias; os sucessos dos rivais lhes provocam vertigens; seu único interesse é o de eclipsar os outros; toda a sua alegria consiste em provocar, nos insensatos como eles, a cólera do ciúme. (2)

“A inveja é uma das mais feias e tristes misérias do vosso globo. A caridade e a constante emissão da fé extirparão todos esses males, que desaparecerão, um a um, à medida que se multiplicarem os homens de boa vontade que virão depois de vós." (3)

Remédios para a inveja: Reflexão sobre Deus, Pai amoroso e misericordioso, que distribui a cada um de seus filhos os meios necessários para a sua evolução espiritual.

Fonte de Consulta

(1) Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura.

(2) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

(3) São Luís, Revista Espírita, julho de 1858 - A inveja.