16 dezembro 2014

Eugenia

Eugenia - do grego genos (nascimento) e do prefixo eu (bem) refere-se a tudo o que é "bem nascido". Eugenismo e eugênico provêm desta etimologia. Eugenia é a parte da genética que tem por objetivo estudar as condições mais favoráveis à reprodução humana, para a melhoria das condições de saúde dos indivíduos e das populações. O eugenismo, considerado muitas vezes como sinônimo de eugenia, exerce mais a função de um sistema, sem ter a devida conta com a ética e a moralidade. 

A eugenia é uma ciência que busca a melhoria da "raça" humana. Quando trata de plantas e animais não sofre represália. Em se tratando do ser humano, há que ponderar sobre os aspectos jurídicos, éticos, morais e religiosos. A melhoria é um fim nobre, mas há os inconvenientes: Observe a atuação de Hitler que buscava a raça pura e, para isso, cometeu o genocídio, matando muitos e muitos Judeus nos campos de concentração

Desde a Antiguidade, a eugenia e o eugenismo estavam presentes no pensamento e na ação dos homens, principalmente com a finalidade de eliminar os filhos menos aptos e os não desejados. A eugenia em si é boa, mas os meios ilícitos atrapalharam o seu desenvolvimento. É só observar a incidência do eugenismo em alguns países como, por exemplo, os Estados Unidos, a Alemanha e os países escandinavos. O caso mais extremo foi o eugenismo, na Alemanha de Hitler, que levou ao racismo nazista desde 1933 até o final da II Grande Guerra (1945). 

Hoje, fala-se pouco da eugenia, justamente por causa dos reflexos negativos da aberração de Hitler. A doutrina da eugenia não mudou; o que mudou foi o nome que empregam. Em vez de usar o substantivo "eugenia", substituíram-no pelo adjetivo "eugenismo". Eis como se reportam ao tema: aborto eugênico, esterilização eugênica, contracepção eugênica, eutanásia eugênica etc.

O Cristianismo manifestou objeções de ordem moral e religiosa contra o eugenismo. Não se aceita que para a melhoria da raça humana se sacrifiquem os direitos elementares de ser humano. Isso porque o ser humano, antes de ser homem material, pertence a uma dimensão espiritual. Não é um animal como outro qualquer. "É um ser criado por Deus para um diálogo de caridade com os outros homens e um diálogo salvador com Deus. É, no fundo, o que queremos dizer ao afirmar que o homem tem uma alma imortal".

Em se tratando do Espiritismo, que é o Cristianismo redivivo, introduzamos a tese da reencarnação. Sem essa perspectiva, não temos condições de entender o todo do ser humano. É pela reencarnação - lei de ação e reação ou causa e efeito - que podemos ressarcir os nossos erros do passado. Doença, dor, sofrimento e corpo mal formado são situações que o Espírito precisa passar para atingir o nível de evolução requerido. O Espírito doente num corpo são não seria a oportunidade ideal para tal finalidade.  

Reconheçamos o esforço da ciência para propiciar os "bem nascidos", mas não percamos de vista que a vida vai além de um simples corpo perfeito. Para habitar um corpo perfeito, aperfeiçoemos primeiramente a alma que nele irá habitar. 

Fonte de Consulta

POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.

 


12 dezembro 2014

Vibração

O pêndulo oscila quando se move de um lado para o outro num movimento repetido de vaivém sobre o mesmo ponto central. Uma vibração é uma oscilação, mas em geral refere-se a uma oscilação rápida em uma distância pequena. Quando tocada, a corda do violão vibra. Pode-se dizer, também, que os átomos vibram no interior de um sólido.

Para várias tradições ocultas e místicas, as vibrações são a “causa” principal dos fenômenos ocultos. Em muitas cosmologias, o som da palavra de Deus criou os diversos mundos. Para a numerologia, "vivemos num universo de vibrações, e cada pessoa que vem a este mundo tem uma vibração peculiar ao individual, distinta dos demais". "A numerologia é simplesmente um estudo ampliado da vibração", e os números de 1 a 9 "formam um ciclo completo de vibração".

Para uma melhor compreensão do termo "vibração" na Doutrina Espírita, convém consultarmos o capítulo XIV - "Os Fluidos", de A Gênese, de Allan Kardec, cujo ponto de partida é o fluido cósmico universal. O fluido cósmico universal é a matéria elementar primitiva, cujas modificações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele.

Vibração tem relação com as ondas. Relembremos alguns elementos importantes: 

Período – É o tempo de uma oscilação, medida em segundos.

Frequência – Número de oscilações executadas durante UM segundo. Quanto maior a frequência, mais ALTA é ela; quanto menor, mais BAIXA.

Amplitude – É medida pela distância maior ou menor de subida e descida numa linha média.

Comprimento da onda – É a distância que medeia entre duas oscilações.

Crista – É o ponto máximo de uma oscilação.

No universo tudo vibra e se transforma. O Planeta Terra é uma usina vibratória. Se admitirmos que toda atividade mental é uma vibração, poderemos deduzir que o nosso modo de pensar pode alterar os átomos do nosso corpo físico. No passe, por exemplo, há uma irradiação de energia (vibração, magnetismo) do médium passista para o sujet (aquele que recebe o passe).

Há vibrações mais intensas e vibrações menos intensas. Em se tratando de uma Casa Espírita, devemos nos sintonizar com os mentores espirituais, no sentido de absorver deles os eflúvios mais puros e, consequentemente, repassá-los aos mais necessitados que nós mesmos.

Fonte de Consulta

ARDLEY, Neil. Dicionário Temático de Ciências. Tradução de Sérgio Quadros. São Paulo: Scipione, 1996. 

CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.

KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.





22 novembro 2014

Crise Política, Corrupção e Espiritismo

O objetivo central da política é a obtenção do bem comum. O bem comum é “um conjunto de condições concretas que permite a todos os membros de uma comunidade atingir um nível de vida à altura da dignidade humana”. Esta dignidade refere-se tanto às coisas materiais quanto às espirituais. Depreende-se que todo o cidadão deve ter liberdade de exercer uma profissão e aderir a qualquer culto religioso. Diz-se, também, que almejar o bem comum é proporcionar a felicidade natural a todos os habitantes de uma comunidade. 

A corrupção, ou seja, o pagamento de propina para obter vantagens, quer sejam de ordem financeira ou tráfico de influência, deteriora a obtenção do bem comum, pois algumas pessoas estão sendo lesadas para que outras obtenham vantagens. Lembremo-nos de que “todo poder corrompe e todo poder absoluto corrompe absolutamente”. Significa dizer que sempre teremos que conviver com algum tipo de corrupção. Eticamente falando, o problema maior está no grau, no tamanho da corrupção e não a corrupção em si mesma.

No Brasil, estamos assistindo a uma enxurrada de denúncias, que vão desde o chamado caixa 2 de campanha política, até a compra de votos para aprovar projetos importantes na área governamental. O vídeo que mostra um funcionário dos Correios recebendo propina foi o estopim da crise. De lá para cá as denúncias não param. O deputado Roberto Jefferson, um dos acusados de comandar a propina nos Correios, saiu distribuindo acusações para todos os lados, no sentido de se defender do ocorrido.

Diante deste fato, pergunta-se: que tipo de subsídio o Espiritismo nos fornece para a compreensão dessa situação? Em O Evangelho Segundo o Espiritismo há alusão aos escândalos. Primeiramente, Jesus nos fala dos escândalos e que estes deverão vir, mas “Ai do mundo por causa dos escândalos; pois é necessário que venham escândalos; mas, ai do homem por quem o escândalo venha”.O escândalo significa mau exemplo, princípios falsos e abuso do poder. Ele deve ser sempre considerado do lado positivo, ou seja, como um estímulo para que o ser humano combata em si mesmo o orgulho, o egoísmo e a vaidade.

Lembremo-nos também da frase: “Ninguém há que, depois de ter acendido uma candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha debaixo da cama; põe-na sobre o candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a luz; - pois nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente”. (S. LUCAS, cap. VIII, vv. 16 e 17.). A verdade, assim, não pode ficar oculta para sempre. Deduz-se que aquele que não soube fazer esforços para se pautar corretamente no bem, sofrerá as conseqüências de suas ações.

O Espiritismo auxiliará eficazmente as resoluções de ordem política, porque propõe substituirmos os impulsos antigos do egoísmo pelos da fraternidade universal. Allan Kardec propõe, em Obras Póstumas, o regime político que deverá vigorar no futuro, ou seja, a aristocracia intelecto-moral. Aristocracia - do grego aristos (melhor) e cracia (poder) significa poder dos melhores. Poder dos melhores pressupõe que os governantes tenham dado uma direção moral às suas inteligências.

Somente quando o poder da inteligência for banhado pelo poder moral e ético é que conseguiremos atingir um mundo mais justo e mais de acordo com o bem comum, pois os que governam propiciarão sob todos os meios possíveis a felicidade da maioria.

Este texto, escrito em 2005, poderia ter sido escrito hoje. 

02 outubro 2014

Júpiter e Terra

O nosso sistema planetário (Sistema Solar) é constituído por oito planetas principais: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno. Júpiter, o planeta gigante, é o centro de um sistema composto por 63 satélites e um tênue anel. Com um raio de 71.492 Km, um volume 1.300 vezes superior ao da Terra e uma massa equivalente a quase 318 massas terrestres, Júpiter supera todos os outros corpos do Sistema Solar, exceptuando o Sol.

O Planeta Terra, com 510.934.000 km2 de área total, dos quais 148.148 km2 (um quinto) são ocupados por terra e 149.500.000 km distante do Sol, está localizado na órbita ideal — entre a de Vênus e a de Marte — para sustentar a vida. Se mais próximo do Sol, estaria muito quente; se mais distante, muito frio. Forma um ecossistema único e finito, imerso no vento solar, bombardeado por partículas do espaço e radiado pela luz solar. Possui, ainda, um campo magnético que o defende de partículas de alta velocidade, vindas do Sol e do Cosmo.

Os graus de evolução do planeta Júpiter e do planeta Terra são antagônicos. Enquanto no planeta Terra — mundo de expiações e provas — o mal predomina sobre o bem, em Júpiter o mal é inexistente e o bem é uma constante em todas as suas atividades. Em Júpiter, todos os sentimentos ternos e elevados da natureza humana são engrandecidos e purificados; há um desejo incessante de se atingir o plano dos Espíritos puros, o que não é um tormento, mas uma nobre ambição que os impele ao aperfeiçoamento.

No planeta Terra ainda temos necessidade da sombra do mal para sentir o bem, das trevas para admirar a luz, da doença para apreciar a saúde, da guerra para vislumbrar a paz. Em Júpiter, esses contrastes são desnecessários, pois a eterna luz, a eterna bondade e a eterna serenidade propiciam aos seus habitantes uma eterna alegria. Pelo fato de vivermos num mundo inferior, não conseguimos compreender esse estado de coisas. Mas, mesmo assim, não nos faltam os avisos espirituais para começarmos esse caminho de evolução. 

No planeta Terra temos facilidade de pintar o inferno de mil modos como o fez Dante em sua Divina Comédia, mas faltam-nos elementos para pintar um mundo mais beatífico que o nosso. Ressaltemos, aqui, o papel dos médiuns no sentido de entrar em contato com Espíritos mais evoluídos e repassar essas informações a toda a humanidade.   

No mundo como o nosso, dominado pela avareza, pelos descalabros de toda espécie, receber informações de um mundo perfeito em que o bem reine soberanamente, traz-nos uma imensa paz de espírito é um apelo à esperança. 

Fonte de Consulta

Revista Espírita de 1860, p. 334 a 336, de Allan Kardec. 

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Júpiter na Revista Espírita de 1858 

Na Revista Espírita de 1858, Allan Kardec registra algumas informações sobre o planeta Júpiter, classificando-o como sendo de 2.ª Ordem, ou seja, composta de Espíritos bons, em que há predominância do espírito sobre a matéria, e desejo de fazer o bem.

Em termos comparativos, o planeta Marte seria menos adiantado do que a Terra. Em se tratando da Terra, a grande maioria de seus habitantes pertence à 3.ª Ordem, composta de Espíritos imperfeitos, cuja característica principal é a predominância da matéria sobre o espírito, e grande propensão para o mal.

Bernard Palissy, célebre oleiro do século XVI, e que na ocasião estava encarnado em Júpiter, disse que tinha muito prazer em descrever Júpiter, com o fito de inspirar o amor do bem com a esperança de lá chegarmos um dia. Consta que se ofereceu espontaneamente, sem que ninguém lho pedisse, para elaborar uma série de desenhos, e apresentar um esboço do que seria esse planeta.

Para mais ampla compreensão, extraímos o seguinte trecho do mês de março da Revista Espírita de 1958:

“A conformação do corpo é mais ou menos a mesma daqui, porém é menos material, menos denso e de uma maior leveza específica. Enquanto rastejamos penosamente na Terra, o habitante de Júpiter transporta-se de um a outro lugar, deslizando sobre a superfície do solo, quase sem fadiga, como o pássaro no ar ou o peixe na água. Sendo mais depurada a matéria de que é formado o corpo, dispersa-se após a morte sem ser submetida à decomposição pútrida. Ali não se conhece a maioria das moléstias que nos afligem, sobretudo as que se originam dos excessos de todo gênero e da devastação das paixões. A alimentação está em relação com essa organização etérea; não seria suficientemente substancial para os nossos estômagos grosseiros, sendo a nossa por demais pesada para eles; compõe-se de frutos e plantas; de alguma sorte, aliás, a maior parte eles a haurem no meio ambiente, cujas emanações nutritivas aspiram. A duração da vida é, proporcionalmente, muito maior que na Terra; a média equivale a cerca de cinco dos nossos séculos; o desenvolvimento é também muito mais rápido e a infância dura apenas alguns de nossos meses.

Sob esse leve envoltório, os Espíritos se desprendem facilmente e entram em comunicação recíproca apenas pelo pensamento, sem, todavia, excluir a linguagem articulada; para a maior parte deles, também, a segunda vista é uma faculdade permanente; seu estado normal pode ser comparado ao de nossos sonâmbulos lúcidos; eis por que se nos manifestam mais facilmente do que os encarnados nos mundos mais grosseiros e mais materiais. A intuição que têm do seu futuro, a segurança dada por uma consciência isenta de remorsos fazem que a morte não lhes cause nenhuma apreensão; veem-na chegar sem temor e como simples transformação.

Os animais não estão excluídos desse estado progressivo, sem se aproximarem, contudo, daquele do homem; seu corpo, mais material, prende-se à terra, como os nossos. Sua inteligência é mais desenvolvida que a dos nossos animais; a estrutura de seus membros presta-se a todas as exigências do trabalho; são encarregados da execução de obras manuais: são os serviçais e os operários; as ocupações dos homens são puramente intelectuais. Para os animais o homem é uma divindade tutelar que jamais abusa do poder para os oprimir”.

03 setembro 2014

Indiferença

“Quem não vive conforme pensa, acaba por pensar conforme vive.” (P. Bourget)

Indiferença. Os gregos antigos usavam o termo “adiáfora”. Para os cínicos e os estoicos, indiferentes são todas as coisas que não contribuem para a virtude nem para a maldade. Nesse sentido, eram indiferentes à riqueza e à saúde. Para a teologia, o termo "indiferença" – aparentado aos de abandono e abnegação, mas não seu sinônimo – designa a atitude de disponibilidade total perante a vontade divina. Não se trata, portanto, de apatia ou desinteresse.

Ao refletirmos sobre a indiferença, surge a problemática ética de saber se é possível haver atos que não sejam bons nem maus. Em muitos casos, alguns atos aparentam ausência de moral, mas é ilusório. Observe que, quer queiramos ou não, todos os nossos atos são bons ou maus, pois todos os nossos atos implicam relação com a norma moral. Deixar de fazer o bem é fazer o mal. 

No âmbito da Doutrina Espírita, temos: 

Quantos pais não são infelizes porque não combateram desde o princípio as más tendências de seus filhos? Mais tarde, quando sentem a ingratidão deles, sofrem o que semearam. 

A indiferença como fator positivo. A resignação ante as vicissitudes da vida dão ao espírito confiança e serenidade quanto ao futuro. É o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio

A principal virtude de nossa época é o desenvolvimento intelectual. O principal vício é a indiferença moral.

O Espiritismo nos faz ver as coisas do alto. Implica uma diminuição da importância dos problemas terrenos. Com isso, elimina a ideia de abreviarmos a nossa existência, entendendo que o Espírito é imortal e, mesmo cometendo o suicídio, continua vivo no além-túmulo. 

Quando não cultivamos a verdadeira fraternidade, temos como consequência a ausência do amor. Quando somos impermeáveis ao bem, tornamo-nos representantes do mal.

A importância do outro na nossa evolução espiritual. Nós sempre precisamos do nosso próximo. Tanto para ensinar como para aprender. Os que aprendem alguma coisa valem-se dos que já passaram e não seguem além se não há interesse de seus contemporâneos.

Fonte de Consulta

Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.





26 agosto 2014

Tragédia e Fatalidade

"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz." (Platão)

Tragédia pode ser entendida como um fato real que aconteceu ou que irá acontecer, a qual é muito ruim e que nunca será esquecida. Seus sinônimos são: adversidade, calamidade, catástrofe, infortúnio. Exemplo: queda das Torres Gêmeas, nos Estados Unidos. Fatalidade é a qualidade do que é fatal. Acontecimento funesto marcado pelo destino ou fado. Aquilo que não se consegue evitar. Consequência desastrosa de algum acontecimento.

Aristóteles define a tragédia como a “Imitação de acontecimentos que provocam piedade e terror e que ocasionam a purificação dessas emoções”. (Poét., 6 1449 b 23) Pode-se dizer que as situações que provocam “piedade e terror” são aquelas em que a vida ou a felicidade de pessoas inocentes é posta em perigo, em que os conflitos não são resolvidos ou são resolvidos de tal modo que determinam “piedade e terror” nos espectadores.

Allan Kardec, na pergunta 851 de O Livro dos Espíritos, ensina-nos que a fatalidade existe no tocante à escolha feita pelo Espírito antes de reencarnar, ou seja, passar por determinadas provas físicas. Ceder ou resistir à prova depende do seu livre-arbítrio.

Nas questões subsequentes, que vão até o número 867, explica-nos:

No caso de a desgraça estar sempre no caminho de uma pessoa. Pode ser o resultado das escolhas feitas pelo Espírito antes de reencarnar. No seu verdadeiro sentido, fatal só é o instante da morte.

O ser humano pode impedir os acontecimentos que deviam realizar-se? Sim. Desde que caiba na ordem geral da vida que ele escolheu.

O fato de as pessoas nunca conseguirem êxito na vida não quer dizer que seja fatalidade. Está mais para as escolhas feitas, pois essas pessoas quiseram ser experimentadas por uma vida de decepções.

Fonte de Consulta

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Tradução de José Herculano Pires. 14.ed., São Paulo: Feesp, 2010, perguntas 851 a 867.



04 julho 2014

Antagonismo

Antagonismo. Do grego anti, “contrário”, e agone, “luta”, significa luta de uns contra os outros. Pessoas e facções divergem e entram em choque pela defesa de seus interesses. Os antagonismos econômicos e políticos podem levar à guerra, quando não forem bem administrados. Na área médica, é efeito que se observa quando uma substância, atuando sobre o organismo, inibe os efeitos de outra ou quando uma substância medicamentosa produz um efeito contrário ao distúrbio observado. Na vida comum, o antagonismo é sinônimo de rivalidade ou incompatibilidade. Ocorre entre marido e mulher, pais e filhos, sogras e genros etc. 

No reino animal, a agressividade e o medo, o ataque e a fuga raramente são puros. O animal pode passar insensivelmente de uma posição de ataque para o de fuga. E. von Holst, estimulando eletricamente um centro intracerebral de uma galinha, despertou nela, diante de um furão empalhado, uma reação inicialmente de ataque, que se transformou em uma reação de fuga com a persistência da estimulação.

Na filosofia, poder-se-ia dar dois exemplos a respeito do antagonismo. Para Heráclito, o devir se realiza por meio de uma contínua passagem de um contrário ao outro. Daí, parecer que a guerra é o que regula o mundo. Isto é verdade, mas muito superficial. Para Hegel, tudo começa por uma tese (um). Da tese aparece a antítese (dois). O resultado desse antagonismo é a síntese (três). E isso se repete indefinidamente. 

Os conflitos familiares revelam o grau de antagonismo que há entre os membros de uma mesma família. Eles são benéficos? Sim. Desde que saibamos contornar esses antagonismos, pois o Espiritismo nos remete a encarnações passadas, a fim de termos mais condições de compreender as rivalidades que há no seio de uma família. 

De acordo com os pressupostos espíritas, a reconciliação com o adversário enquanto estivermos a caminho, é sumamente importante, porque a morte não nos livra dos nossos inimigos, pois eles continuam vivos além-túmulo. Acontece que a ausência da vestimenta física é um elemento de maior facilidade para o ataque mental, isto é, através das interferências em nossos mais secretos pensamentos.


 



02 julho 2014

Maternidade e Paternidade

Maternidade é o estado ou qualidade de ser mãe. Laço de parentesco que liga a mãe aos filhos. Paternidade é a posição conferida a um homem perante um filho seu, pelo fato de o ter gerado. Segundo o Espiritismo, maternidade é luz divina, o berço da grandeza humana, e a mulher, por isso mesmo, é sacrário maternal; é a escola abençoada do sentimento, a plenitude do coração feminino, que norteia o progresso. 

Quando um filho é legítimo, não há dificuldade jurídica. O relevo jurídico no reconhecimento da filiação surge quando há dúvida acerca da legitimidade. Nesse sentido, “Se o filho é ilegítimo ou, embora legítimo, não beneficia de presunção de legitimidade, e se, em qualquer destes casos, falta o reconhecimento por outro meio legal (perfilhação, designadamente), o filho só pode ser reconhecido mediante investigação judicial”. 

Nas culturas antigas, a maternidade era valorizada. Na época moderna, grande número de mulheres não adota a maternidade. Há, inclusive, a possibilidade de se criar filho in vitro. A função da religião e do cristianismo é dar sustentação à nova dimensão da mulher que, saindo da esfera do lar, apresenta-se na sociedade, assumindo funções nas empresas privadas e nas esferas governamentais. Antes de competir com o homem, ela deve andar junto com ele, para proporcionar a devida humanização da sociedade. 

O Espiritismo proporciona à mãe diversas orientações, alertando-a sobre os riscos de negligenciar a sua verdadeira missão, como genitora e protetora de seus rebentos. “A maternidade é uma dádiva. Ajudar um pequenino a desenvolver-se e a descobrir-se, tornando-se um adulto digno, é responsabilidade que Deus confere ao coração da mulher que se transforma em mãe”.

Para que a mãe terrestre cumpra evangelicamente os seus deveres com relação aos seus filhos, deve ter em mente que os filhos por ela gerados são antes filhos de Deus, que a missão materna resume-se em dar sempre o amor de Deus, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. 

Tanto o pai quanto a mãe, para bem cumprirem as suas missões de paternidade e maternidade, devem desde a infância preparar os seus filhos para o trabalho e para a luta que os esperam.

Fonte de Consulta

ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]

XAVIER, F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977. 


26 junho 2014

Os Últimos Serão os Primeiros

Último. Que vem depois de todos; que vem depois do penúltimo. Extremo, derradeiro, final.  Moderníssimo, recentíssimo. PrimeiroQue inicia uma série ou ordem. Que precede os outros em relação ao tempo, ao lugar ou à categoria. Que é o mais importante, o mais distinto, o mais notável entre todos da mesma espécie, classe, raça, nacionalidade etc.

A frase "os últimos serão os primeiros" está inserida na Parábola dos Trabalhadores da Última Hora, também conhecida como Parábola dos Trabalhadores da Vinha ou Parábola do Empregador Generoso. “O reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada a fim de aliciar trabalhadores para trabalhar em sua vinha, acertando um determinado valor por hora trabalhada. Saiu em várias horas do dia... Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos, porque há muitos os chamados e poucos escolhidos”. (Mateus 20, 1 a 16) Deduz-se deste texto evangélico que qualquer trabalhador que aceitar o convite, não importa em que hora do dia, receberá uma recompensa igual.

Os trabalhadores da primeira hora são Moisés e os profetas. Os que seguiram os da primeira hora são os apóstolos, mártires, os Pais da Igreja, os filósofos. Todos os que estão reencarnados podem ser considerados os últimos, especialmente os espíritas, alicerçados pelo Consolador Prometido, o Espiritismo, que trouxe as bases para uma melhor compreensão da realidade e do convívio com o próximo, sem deixar de lado todos os ensinamentos divulgados anteriormente. 

A espera testa a medida da alma. Como nos portamos diante da espera por um trabalho? Estamos blasfemando contra Deus? Deleitamo-nos na preguiça? Apelamos aos vícios? Participamos de manifestações? Destruímos o patrimônio público? Tenhamos em mente que nada fica incólume diante das leis naturais: conforme a gravidade do desvio, haverá o sofrimento da correção. Por isso, sejamos resignados ante a vontade de Deus. Não deixemos que nada altere o nosso ânimo. Aproveitemos o tempo, dedicando-nos à leitura, ao estudo e à prática da caridade. 

Os espíritas são os últimos a serem chamados. Eles têm uma vantagem: trazem no seu bojo tudo o que os outros já construíram ao longo do tempo. Basta pesquisar os escritos desses pensadores para certificar-se da sabedoria de cada um deles. Nesse mister, faz-se necessário chamar a atenção dos primeiros filósofos, pois não separavam o pensar do viver, tal qual nos prega a Doutrina Espírita. Eles não queriam ostentar grandes conhecimentos, mas aliar a sabedoria à arte de viver.  

Entremos no Espiritismo, mas deixemos que ele entre em nós. Não nos enganemos, para sermos escolhidos temos muito trabalho a realizar. O Reino de Deus não vem com aparência externa. Há necessidade de estarmos usando a veste nupcial.   

 

18 junho 2014

Mistério

Mistério é tudo o que não pode ser compreendido, que é inacessível à razão humana. No sentido teológico, é uma verdade revelada, que é incompreensível à razão sem a presença da fé. Nas religiões antigas, é o conjunto de práticas, dos ritos e das doutrinas secretas, que se davam à margem da legalidade, reservado apenas aos iniciados. No sentido lato, designa certos ritos e formas de culto, com sentido simbólico. É apanágio de todas as religiões. No sentido estrito, acrescenta a nota particular da iniciação secreta que não é revelada aos profanos.

No âmbito da filosofia, devemos destacar a diferença que há entre um problema e o mistério. O problema só existe realmente para a ciência, que busca a sua solução. Em filosofia o problema se torna metaproblemático, pois deixamos o mundo do objeto e partimos para o mundo da especulação, que é o mundo do mistério. 

mistério da Santíssima Trindade pode ser explicado. Teófilo de Antiloquia, no fim do século II e Tertuliano, no princípio do século III, já empregavam o Deus único em três pessoas. O mistério surge quando a Igreja propõe a presença, no seio de Deus único, de três pessoas distintas, mas iguais e substanciais. É a partir daí que começam a surgir contradições entre fé e razão, pois a razão poderia levar à negação do mistério.

A criação é um mistério que atravessa os séculos. O ser humano, incapaz de lhe dar uma resposta satisfatória, vale-se dos mitos. O mito significa uma fábula arquitetada pela fantasia humana para personificar entidades do espírito ou da natureza. Muitos deles tentam explicar a origem do mundo. Nesse sentido, há os mitos com Criação e os mitos sem Criação. Nos mitos com Criação, parte-se de um marco zero, e elege-se um Criador (Deus, Jeová, Maomé); nos sem Criação, parte-se da hipótese de que o Universo é eterno. 

Viver na intimidade de Deus é um mistério que não pode ser percebido senão pela fé. A razão é, na maioria das vezes, incapaz de explicar as calamidades e as dificuldades pelas quais passamos. Falhando, recorremos à fé. Quer dizer, só a fé é capaz de penetrar no íntimo dessa relação com Deus. E, nesse sentido, aquilo que parece, à primeira vista, impossível, transforma-se numa certeza rotunda. Todo o ser humano tem necessidade dessa relação íntima com Deus, para poder suportar com galhardia as suas provações terrenas. 

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, veio para tornar público o que estava velado. Nesse sentido, ele procura esclarecer as verdades que ficaram ocultas ao longo do tempo. Como Consolador Prometido, veio explicar o que o Cristo disse somente por parábolas, pois fala sem figuras e sem alegorias. 

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/mist%C3%A9rio






09 junho 2014

Fecundidade, Fertilidade

Fecundação é o fenômeno terminal da reprodução sexual do seres vivos. Fértil é aquilo que é capaz de desempenhar funções de reprodução. Fertilidade é a capacidade de reprodução de um indivíduo. A fecundação ou fertilização processa-se da seguinte forma: as células masculinas – espermatozoides – fecundam as células femininas – óvulos. Nas plantas e animais inferiores, tanto os órgãos masculinos como os femininos podem encontrar-se em um único indivíduo. 

Quando os indivíduos masculinos e femininos não conseguem reproduzir por intermédio das relações sexuais, a ciência médica oferece a fecundação artificial. O que é? É quando se procura aproximar os espermatozoides e os óvulos fora de qualquer relação sexual. Modernamente, a fecundação artificial (in vitro) é realizada numa cuba de laboratório (a proveta).

Ao analisarmos o tema segundo a ótica espírita, deparamo-nos com: 

1) Segundo o Espiritismo, a vida segue a mesma linha da complexa evolução comprovada pela Ciência. Allan Kardec em A Gênese, o Espírito André Luiz, em Evolução em Dois Mundos, e o Espírito Emmanuel, em A Caminho da Luz, atestam para a formação da camada gelatinosa, depois das altas temperaturas e resfriamento pelo qual passou o nosso planeta, na época de sua constituição, há cinco bilhões de anos. Há o aparecimento do protoplasma e toda a cadeia evolutiva. A diferença entre Ciência e Espiritismo é que o segundo faz intervir a ação dos Espíritos no processo de evolução.

2) De acordo com Allan Kardec, na pergunta 44 de O Livro dos Espíritos, a vida originou-se através da geração espontânea: “A Terra continha os germes, que esperavam o momento favorável para desenvolver-se... Os germes permaneceram em estado latente e inerte até o momento propício à eclosão de cada espécie”.

3) O Espírito André Luiz, no capítulo 18 de Evolução em Dois Mundos, trata da evolução do instinto sexual nos vários reinos da natureza. Por milênios e milênios o princípio inteligente se demorou no hermafroditismo das plantas. Nos protozoários, há ensaios de reprodução monogâmica. Nos animais inferiores, alternam-se os estados de hermafroditismo com os de unissexualidade para que se lhe aperfeiçoasse as características na direção dos vertebrados. No reino hominal, a reprodução sexuada é fator de continuidade dos outros reinos da natureza. Neste reino adquire-se o pensamento contínuo, o livre-arbítrio, a razão.

4) O Espírito Emmanuel, na pergunta 40 de O Consolador, diz-nos que no âmbito das interpretações humanas, os conceitos de fecundidade e esterilidade podem indicar prova. Em termos espirituais, não há esterilidade porque o Espírito encarnado pode se dedicar a outros interesses de evolução, tais como, a arte, a beleza, o aperfeiçoamento. 

5) A reencarnação de Segismundo, estudada nos capítulos 12 e 13 de Os Missionários da Luz, mostra o trabalho que os instrutores espirituais tiveram para manter a reencarnação de Segismundo dentro da normalidade, pois "O pensamento envenenado de Adelino (o que viria a ser seu pai) destruía a substância da hereditariedade, intoxicando a cromatina dentro da própria bolsa seminal".




23 maio 2014

Herança

"A herança da liberdade pertence ao dever cumprido." (Emmanuel)

Herança é o direito pessoal de alguém, o herdeiro, ao patrimônio total ou parcial de uma pessoa que faleceu. De acordo com a lei sucessória, a posse da herança segue a seguinte ordem: 1.º) os descendentes; 2.º) os ascendentes; 3.º) o cônjuge sobrevivente; 4.º) os parentes colaterais até o 4.º grau, isto é, até primos e co-irmãos; 5.º) o Estado.

Em termos bíblicos, a noção de herança é mais ampla do que a jurídica, pois diz respeito às promessas de Deus e à obtenção do reino de Deus. Observe que desde o início a herança tem uma ligação direta com a Aliança, que se apresenta da seguinte forma: Israel é a herança de Javé, a terra prometida é a herança de Israel, e ela se torna a herança do próprio Javé. 

Nos Evangelhos, encontramos dizeres de que Jesus é o arauto do Reino de Deus, a herança deixada por Deus aos seus eleitos. Acontece que essa herança não vem de mãos beijadas. O próprio Jesus entrou na posse da herança pelo sofrimento na cruz, pela paixão e morte. Este é o obstáculo para entrar no reino dos Céus. Assim sendo, para nos tornarmos herdeiros do reino dos céus temos que seguir os exemplos do mestre Jesus. 

Uma reflexão sobre a herança pode nos levar a muitos caminhos. Por exemplo: que tipo de herança devemos deixar aos nossos filhos? Há pesquisas de que quando os pais deixam muitos bens aos filhos isso, em vez de ser um bem é um mal, pois eles não sabem dar valor aos bens recebidos. Por isso, em vez de nos preocuparmos com o bem-estar material, o correto é deixarmos a herança do bom exemplo, da virtude e do comportamento correto. 

A herança pode ser relacionada com a reencarnação, com a riqueza, com a lei de causa e efeito etc. Verifiquemos a relação entre herança e morte. O Espírito Irmão X, no capítulo 4 "Treino para Morte", do livro Cartas e Crônicas, alerta-nos sobre a preparação para a morte. No que tange aos aspectos da herança, pede para que deixemos tudo organizado, a fim de evitar as brigas e desavenças entre os herdeiros. Isso pode atrapalhar o progresso de nosso espírito quando no mundo dos desencarnados. 

Outro tipo de reflexão bastante interessante é: qual o grau do nosso apego à herança? Para tanto, lembremo-nos da seguinte história: conta-se, muitas vezes, o caso do conferencista espírita que sempre criticava a riqueza, como sendo um incômodo à evolução do espírito. Em meio a uma conferência, é comunicado que tinha sido agraciado com uma enorme herança. Nunca mais se viu o conferencista fazendo as suas pregações. 

O desapego aos bens terrenos é uma conquista do espírito. Não são palavras, os pensamentos emitidos, mas uma ação concreta que brota do interior de cada um de nós.

30 março 2014

Amor e Ódio

Amor — palavra polissêmica que nos leva a diversos significados. Entre eles, encontramos a seguinte definição: é uma força tendente a aproximar e a unir, numa relação particular, dois ou mais seres. É um sentimento que leva a desejar o bem de outrem ou de alguma coisa. Ódio — sentimento profundo de raiva ou rancor, que leva a desejar ou a causar o mal de alguém. Aversão intensa, profunda, causada por medo, ofensa recebida. 

"Amor-ódio" é um tipo de relação que ainda precisamos para nos expressar. Amor e ódio opõem-se, mas não é uma oposição radical, pois a intensidade de um (amor) pode transformar-se no outro (ódio), e vice-versa.

Grosso modo, podemos dizer que há três tipos de amor: amor egoísta (posse do bem amado), amor racional (amor pelo uso da razão) e amor doação ou incondicional (aquele ensinado por Jesus, no sentido de dar sem querer nada em troca). O amor egoísta, por exemplo, é um misto de ódio e loucura, porque odeia e fere quem busca aproximar-se de seu amor. Este sentimento tem a mesma intensidade com relação à pessoa amada.

O ódio é classificado como sentimento universal. Se não fosse, não haveria tantos massacres, tantas guerras, tantas destruições. Segundo Spinoza, odiar é entristecer com. Quando alguém se entristece com o outro “se esforça por afastar e destruir a coisa pela qual tem ódio”. Segundo o Espiritismo, o “ódio é uma forma defeituosa da manifestação do amor”; “é reação do primitivismo animal, instinto em trânsito para a inteligência, que ainda não pôde superar as expressões dos começos passados”; “todavia, na maior parte das vezes, o ódio é o gérmen do amor que foi sufocado e desvirtuado por um coração sem Evangelho”. (1)

Para ilustrar essa nossa reflexão, lembremo-nos de algumas frases sobre o ódio e o amor: 

"O ódio é o prazer mais duradouro; / os homens amam com pressa, mas odeiam com calma." (G. G. Byron)

"Dá-me sempre mais amor ou mais desprezo, / a zona tórrida ou glacial." (Th. Carew) 

"Odeio e amo. Talvez me perguntes por quê. / Não sei. Sei apenas que é assim e que sofro." (Catulo, poeta latino [87-54 a.C.]) 

"O ódio não cessa com o ódio em tempo algum, o ódio cessa com o amor: esta é a lei eterna." (Dhammapada) 

"A julgar o amor pela maior parte de seus efeitos, ele se assemelha mais ao ódio do que à amizade." (F. La Rochefoucauld)

"Nada no mundo é mais doce do que o amor, / e depois dele é o ódio a coisa mais doce." (H. W. Longfellow) 

"Onde amor e ódio não concorrem ao jogo, o jogo da mulher torna-se medíocre." (F. W. Nietzsche) 

"Odiarei, se puder, caso contrário amarei, contra a minha vontade." (Ovídio)

(1) EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/amor-e-%C3%B3dio


Humberto de Campos

Humberto de Campos (H. de C. Veras) (1886-1934) foi jornalista, crítico, contista e memoralista, nascido em Miritiba, Maranhão. Terceiro ocupante da Cadeira 20, eleito em 30 de outubro de 1919, na sucessão de Emílio de Menezes e recebido pelo Acadêmico Luís Murat em 8 de maio de 1920. Filho de Joaquim Gomes de Faria Veras, pequeno comerciante, e Ana de Campos Veras. Perdendo o pai aos seis anos, Humberto de Campos deixou a cidade natal e foi levado para São Luís. De infância pobre, desde cedo começou a trabalhar no comércio como meio de subsistência. 

Aos 17 anos, no Pará, já era colaborador e redator na Folha do Norte. Em 1910 publicou seu primeiro livro a coletânea de versos intitulada Poeira. Em 1912 no Rio de Janeiro, entrou para O Imparcial, em que teve contato com Goulart de Andrade, Rui Barbosa, José Veríssimo e outros. Escreveu com diversos pseudônimos, entre os quais, o Conselheiro XX. Dentre as suas inúmeras obras, Memórias, em 1933, que são as crônicas dos começos de sua vida foi a mais evidente. O seu Diário secreto, de publicação póstuma, provocou grande escândalo pela irreverência e malícia em relação a contemporâneos.

A infância pobre de Humberto de Campos, como de tantas outras pessoas ilustres, sugere-nos que no processo da reencarnação, os Espíritos trazem dentro de si os talentos ocultos. O estado de pobreza é, para muitos deles, um período de reflexão, no sentido de bem aproveitar a sua missão na Terra.  Dentro desse quadro de aperfeiçoamento, o principal traço de caráter de Humberto de Campos era a perseverança. Dizia: "Gosto de subir, mas não gosto de mudar de escada". 

A partir de 1937, três anos após a morte de seu corpo físico, começou a ditar mensagens, crônicas e romances através da psicografia de Francisco Cândido Xavier. "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" foi a obra de maior notoriedade.  A tônica de sua comunicação mediúnica baseava-se em mensagens que redundavam em consolo aos tristes e esperança aos desafortunados. 

Fato notório é a polêmica no meio jurídico sobre o valor probatório da psicografia. A viúva de Humberto de Campos, em 1944, moveu um processo contra a Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier, no sentido de obter uma declaração, por sentença, de que essa obra mediúnica "era ou não do 'Espírito' Humberto de Campos", e que em caso afirmativo, que ela obtivesse os direitos autorais da obra. O juiz João Frederico Mourão Russell proferiu a seguinte parecer: ao morrer, o indivíduo deixa de possuir direitos civis, logo Humberto de Campos não poderia reavê-los. Direitos autorais herdáveis limitam-se àqueles referentes a obras produzidas pelo escritor antes de sua morte. A consulta com base em perícia científica sobre o Espiritismo foge às prerrogativas do Judiciário. 

Em vista do processo judicial, Humberto de Campos passa a assinar as suas obras com o pseudônimo de Irmão X, possivelmente relembrando o seu pseudônimo de Conselheiro XX, quando estava encarnado. Como Irmão X vieram Lázaro redivivo (1945), Luz acima (1948), Pontos e contos (1951), Contos e apólogos (1958), Contos desta e doutra vida (1964), Cartas e crônicas (1966) e Estante da vida (1969). 

 


26 fevereiro 2014

Livro Digital: 50 Anos do Centro Espírita Ismael (1962-2012)

SUMÁRIO
Conteúdo
Uma Breve Apresentação
1. O Centro Espírita
2. Histórico
2.1. Origem
2.2. Ata da Fundação
2.3. Ata Festiva da Fundação
2.4. As Cinco Letras de Jesus
2.5. Diretoria Executiva
3. Os Departamentos
3.1. Histórico dos Departamentos
3.2. Departamento de Ensino Doutrinário
3.3. Departamento de Assistência Espiritual
3.4. Departamento de Entrevista
3.5. Departamento de Infância, Juventude e Mocidade
3.6. Departamento de Assistência Social
3.7. Departamento de Eventos
4. As Transformações da Estrutura Física
5. Divulgação das Atividades
6. Depoimentos

7. Conclusão

Está em: Kobo-Cultura