Nós, ao longo do
tempo, fomos automatizando diversos hábitos e atitudes. Possivelmente, não
percebemos a variedade dos comportamentos infelizes, que se transformaram
em excessos de toda ordem. Um exemplo: parece que
a nossa alimentação é saudável. De repente, fazemos um exame de sangue e
percebemos que o colesterol está alto. Perguntamos: como foi possível? No que
estou exagerando? O que parecia saudável já não o é mais.
Visualizemos o nosso guarda-roupa, a nossa
despensa, a nossa biblioteca: quantas coisas há que nunca mais iremos usar? No
campo moral, façamos as seguintes perguntas: qual o grau de preguiça e
comodidade existente dentro de nós? Somos excessivamente maledicentes? Temos
forte apego pelos nossos próprios pertences? No campo espiritual, estamos sendo
demasiadamente precipitados? Já conseguimos perceber que o trabalho mediúnico
mais fecundo exige tempo de maturação?
Aristóteles, na antiguidade, já nos alertava que quando
houvesse excesso ou falta, a virtude deixava de existir. Para ele, a virtude
implica a justa medida: é o caminho do meio. O excesso, isto é, o muito, e a
falta, isto é, o muito pouco, são vícios. A virtude é a realização do justo
equilíbrio, que sabe tomar a exata medida limitando-se nas duas direções do
muito e do muito pouco. Observe o líquido que a cobra produz:
na medida justa é remédio, cura; no excesso, é veneno, mata.
Em nosso dia a dia, acumulamos uma série de hábitos
mentais, que vão se deplorando com o passar do tempo. O halterofilismo mental é
o ponto inicial para a eliminação dos excessos. Dadas as nossas atividades
materiais e espirituais, acabamos não tendo mais tempo para conversar com
amigos e familiares. Ficamos demasiadamente presos dentro de nosso mundo
interior, que não conseguimos mais ver um passo além. Muitas dessas atitudes
podem nos levar ao estresse mental que se consubstancia na angústia, na
depressão e na ansiedade.
O Espírito Emmanuel, comentando a passagem “Pois
que aproveitaria ao homem ganhar o mundo todo e perder a sua alma?” — Jesus
(Marcos, 8, 36), diz-nos que: 1) o apego ao supérfluo é introdução à loucura;
2) juntar abusivamente é motivo de aflição e inutilidade; 3) alimentos
guardados, valores a caminho da podridão; 4) roupas em desuso, asilo de traças;
5) demasiados recursos amoedados, tentações para os descendentes. Em outras
palavras, quando nos agarramos ao efêmero, ao transitório, estamos no campo da
ilusão. Nesse caso, convém analisarmos todo o material que amontoamos. (Xavier,
1986, cap. 73)
Urge reconhecer que nu viemos e nu partiremos desta
vida. Assim, uma só coisa é necessária: que amontoemos coisas sob o olhar
complacente do nosso mestre Jesus. O apego costuma dificultar nossa entrada no
mundo dos Espíritos.
Fonte de Consulta
XAVIER, F. C. Palavras de Vida
Eterna, pelo Espírito Emmanuel. 8. ed., Minas
Gerais: CEC, 1986.
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