10 junho 2009

Sermão do Monte

Jesus ensinava – oralmente – em aramaico, sua língua materna. Como nada escreveu, a sua palavra devia ressoar sobre os discípulos. Por isso, catequese – do grego katechéo, fazer ressoar. Ressonância significava a voz na presença dos discípulos. O discípulo que tivesse recebido o ensinamento era ressoado, ou seja, catequizado. Depois de catequizado, poderia catequizar outros. Pode-se dizer que Jesus proclamou, junto aos discípulos, o mais conciso e ordenado sistema de uma filosofia universal. Ali se achava tudo o que alma necessitava saber a respeito de Deus, da criação e da vida quotidiana, tanto naquela época como nas vindouras. O sermão tinha um caráter universalista, uma espécie de "carta magna" para toda a humanidade. (Stella, 1978)

O monte é o lugar de destaque na vida religiosa dos povos. É o lugar da solidão, da oração e da revelação. Segundo uma constante tradição bíblica, é o lugar próprio para os encontros com Deus. Na Grécia, o monte Olímpico; na Índia, o monte Meru; na China, o monte Kuen-luen. Há, também, o monte Sinai, o monte das Oliveiras etc., cada qual com sua particularidade. (Stella, 1978)

Também chamado Sermão da Montanha ou Sermão das Bem-Aventuranças, foi pronunciado por Jesus na fralda de um de um monte, em Cafarnaum, dirigindo-se a todas as pessoas que o seguiam. Nele Jesus faz uma síntese das leis morais que regem a humanidade. O Sermão do Monte veio para reformar a humanidade na sua totalidade. Não é para uma religião, mas para toda a religião. Segundo alguns religiosos, o sermão do monte é o mais revolucionário dos discursos humanos, simplesmente porque é divino. Quando acabou de proferir o sermão, os discípulos disseram: "Este ensina como quem tem autoridade".

as oito regras do sermão são:

1.ª) Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

2.ª) Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

3.ª) Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque herdarão a Terra.

4.ª) bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

5.ª) Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

6.ª) Bem-aventurados aqueles que têm puro o coração, porque verão a Deus.

7.ª) bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles.

8.ª) Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (Mateus, 5, 1 a 12)

Bem-aventurança é o termo técnico para indicar uma forma literária que se encontra quer no Antigo quer no Novo Testamento. A Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor, perseguição. Segundo Wendisch, as bem-aventuranças são uma espécie de torah (lei). Nos paradoxos (ir contra a opinião comum), Jesus ensinou o avesso daquilo que os homens pensavam, fazendo-os refletir na felicidade, não como a posse de bens materiais, mas como estar na visão e posse de Deus.

A palavra "céus" foi usada por Mateus; os outros evangelistas usaram a palavra "Deus". Explicação: Mateus usou reino dos céus, porque Deus era um nome inefável que os judeus se abstinham de pronunciar com receio de dizerem em vão. Lucas, ao compor o seu Evangelho para os cristãos convertidos do paganismo, que por isso não tinham os mesmos escrúpulos, diz correntemente como Marcos: "o reino de Deus" ou então "reinado de Deus". (Chevrot, 1971)

Os Apóstolos, ao registrarem por escrito, as palavras de Cristo, prenderam-se mais ao sentido do que à letra. Por exemplo, a inscrição que Pilatos mandou colocar na cruz devia ser conforme a letra. Contudo, anotamos as seguintes divergências verbais: "Jesus o Nazareno, o rei dos judeus", João 19,19, "Este é Jesus, o rei dos Judeus", Mat. 27,37, "O rei dos Judeus, este", Luc. 23,38, "O rei dos Judeus", Marc. 15,26. (Stella, 1978)

O mestre não quis pronunciar o seu discurso inaugural no interior de uma sinagoga ou nos pórticos do Templo. Para fazer ouvir uma mensagem destinada aos homens de todos os tempos, precisava de ar livre, de altitude, dos horizontes sem limite da natureza. Ele falava do impulso de progresso, da ressonância, do movimento. Dizia: as raposas têm as suas tocas, os pássaros os seus ninhos, mas Ele não terá um teto onde reclinar a cabeça. Caminhará sempre, sem parar.

A Igreja, de qualquer espécie que for, não pode permanecer somente como instituição. Deve ser um movimento, um processo de aperfeiçoamento das almas. A Igreja não é um estabelecimento, é um movimento, a sua função é "renovar a face da terra", quebrando preconceitos e denunciando os conformismos. Paulo foi muito feliz quando disse: "Embora se destrua em nós o homem exterior, o homem interior vai-se renovando de dia para dia".

Bibliografia Consultada

CHEVROT, Georges. O Sermão da Montanha. Tradução de Alípio Maia de Castro. São Paulo: Quadrante, 1971.

STELLA, J. B. O Sermão da Montanha: A Religião de Cristo. São Paulo: Metodista, 1978.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/serm%C3%A3o-do-monte



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