Evangelho — Do grego Euangelion (eu =
boa eangelion = notícia) que significa boa notícia. Para os gregos
mais antigos, ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem trazia uma
boa notícia. Mais tarde passou a significar uma "boa-nova", segundo a
exata etimologia do termo. Há diferença entre Evangelho e Evangelização? Uma só
palavra grega (euaggélion) é traduzida já por evangelho, já por
evangelização, segundo o contexto e segundo dos tradutores. Assim, por exemplo,
quando São Paulo escreve: "Antes, pelo contrário, tendo visto que me tenha
sido confiado o Evangelho para os não circuncidados, como a
Pedro para os circuncidados" (Gál, 2,7), traduziríamos com mais precisão
por "evangelização", em vez de Evangelho.
O Evangelho Segundo o Espiritismo é o terceiro livro codificado por Allan
Kardec. Contém a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com
o Espiritismo e sua aplicação às diversas posições da vida. Em sua primeira
página, há uma frase proverbial: "Não há fé inabalável senão aquela que
pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade".
A instrução contida no prefácio,
transmitida por via mediúnica, resume o caráter e o objetivo do Espiritismo. Há
quatro pontos:
a) Os Espíritos do Senhor, semelhantes
às estrelas cadentes, vêm iluminar o caminho e abrir os olhos aos cegos;
b) Os tempos são chegados e todas as
coisas devem ser restabelecidas em seu sentido verdadeiro para dissipar trevas,
confundir os orgulhosos e glorificar os justos;
c) As vozes do céu conclamam os seres
humanos ao concerto divino, no sentido de estender esse hino sagrado de um
canto ao outro do planeta;
d) Por fim, pedem para que nos amemos
uns aos outros, fazendo a vontade do Pai que está nos céu.
Allan Kardec, na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz que as matérias contidas nos Evangelhos
podem ser divididas em cinco partes: os
atos comuns da vida de Cristo, os milagres, as profecias, as palavras que
serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja e o
ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram
objeto de controvérsia, a última manteve-se inatacável. Este é o terreno onde
todas as crenças podem se reencontrar, porque não é motivo de disputas, mas sim
regras de conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, pública e
privada.
Allan Kardec reuniu nesta obra os
artigos que pudessem constituir um código de moral universal, sem distinção de
culto. Por que procedeu desta forma? Porque o Espiritismo, como um todo, foi
codificado com esse objetivo, o de tornar os seus ensinamentos úteis para toda
a população terráquea, e não para uma comunidade, uma organização, uma dada
religião.
As máximas morais, comentadas ao longo
deste livro, foram bem fundamentadas. Observe que Allan Kardec teve o cuidado
de não se basear em uma única informação. Passava tudo pelo crivo da razão.
Dizia: "A única garantia séria do ensinamento dos Espíritos está na
concordância que existe entre as revelações feitas espontaneamente, por
intermédio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em
diversos lugares".
O Evangelho Segundo o Espiritismo foi dividido em 28 capítulos. O 28.º capítulo
trata da "Coletânea de Preces Espíritas"; nos outros 27 estão os
ensinamentos morais do Cristo. Refletindo sobre cada um desses capítulos vamos
adquirindo um vasto conhecimento sobre nós mesmos, sobre o mundo que nos
rodeia, sobre outras galáxias e, principalmente, sobre o nosso relacionamento
com o próximo. Não é um livro para ser apenas estudado, mas para ser posto em
prática, no dia-a-dia.
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