02 julho 2008

O Perdão

Perdoar — do lat. med. perdonare significa "desculpar", "absolver", "evitar". É o estado de ânimo, em que se encontra alguém, agravado por outrem, seu agressor, e sente-se desagravado. O pecado, na Religião, é um agravo a Deus, e o perdão consiste em não se considerar Deus agravado; ou seja, desagravado.

Historicamente considerado, o perdão surge explicitamente no âmbito do Velho Testamento, onde o caráter antropomórfico e misericordioso de Iahweh é suficiente para livrar o pecador do seu pecado. Na dimensão do Novo Testamento, João Batista pregava o arrependimento do pecador, para que Jesus, depois, perdoasse todos os seus pecados. A diferença entre o Velho Testamento e o Novo Testamento é que no NT o perdão vem através do Cristo, particularmente pela sua morte redentora na cruz.

Ofendido e ofensor estão implícitos no ato de perdoar. Há muitas situações em que fica difícil distinguir um do outro. Todavia, o bom senso sugere-nos que devemos ser tolerantes para com as faltas alheias, pois somos passíveis de incorrer nas mesmas. Por isso, ao ultraje que consideremos grave, sopesemos o móvel de tal juízo. Como saber o que passa no íntimo do nosso próximo? Que problemas complexos o fizeram agir desta ou daquela forma? Será que não fomos o primeiro a atirar a pedra?

A vida de Mahatma Gandhi é um exemplo de perdão, embora tenha dito que nunca precisou perdoar, porque achara que nunca ninguém o tinha ofendido. É um caso raro, porque a maioria de nós vive enovelado no ego material. Por essa razão o poeta Alexandre Pope disse: "Errar é humano, perdoar é divino". Para que não tenhamos necessidade do perdão, basta que o eu divino liberte-se do eu mundano, ocasião em que as coisas terrenas não terão forças para corromper as espirituais.

É fácil esquecer as ofensas e amar os inimigos? Como adquirir forças para vencer os ultrajes? A reflexão sobre a morte do Cristo é de inestimável ajuda. Jesus, que nada tinha de expiar, sofreu macerações acerbas para dar-nos o exemplo do perdão incondicional. Por outro lado, lembremo-nos da dupla recompensa reservada, no além túmulo e nesta existência, para aquele que soube sacrificar-se por amor ao próximo.

Tenhamos em mente que o perdão deve estar sempre presente em nossos pensamentos, pois é através dele que vamos conseguindo adquirir forças espirituais para a remoção de todo o mal que envolve o planeta terra.

Fonte de Consulta

IDÍGORAS, J. L., Padre, S. j. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.

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Se Todos Perdoassem

Imaginemos, por um minuto, que mundo maravilhoso seria a Terra, se todos perdoassem!…

Se todos perdoassem, a ventura celeste começaria de casa, onde todo companheiro de equipe doméstica perceberia que a experiência na reencarnação é diferente para cada um e, por isso mesmo, teria suficiente disposição para agir em apoio dos associados da edificação em família, a fim de que venham a encontrar o tipo de felicidade pessoal e correta a que se dirigem.

Se todos perdoassem, cada grupo na comunidade terrestre alcançaria o máximo de eficiência na produção do bem comum, porquanto, em toda parte, existiria entendimento bastante para que a inveja e o despeito, o azedume e a crítica destrutiva fossem banidos para sempre do convívio social.

Se todos perdoassem, o espírito de competição, no progresso das ciências e na efetivação dos negócios, subiria constantemente de nível moral, suscitando as mais belas empresas de aprimoramento do mundo, porque o golpe e a vingança desapareceriam do intercâmbio entre pessoas e instituições, com o respeito mútuo revestindo de lealdade os menores impulsos à concorrência, que se fixaria exclusivamente no bem com esquecimento do mal.

Se todos perdoassem, a guerra seria automaticamente abolida no planeta, de vez que o ódio seria erradicado das nações, com a solidariedade traçando aos mais fortes a obrigação do socorro aos mais fracos, não mais se verificando a corrida de armamentos e sim a emulação incessante à fraternidade entre os povos.

Se todos perdoassem, a saúde humana atingiria prodígios de equilíbrio e longevidade, porquanto a compreensão recíproca extinguiria o ressentimento e o ciúme, que deixariam, por fim, de assegurar, entre as criaturas, terreno propício à obsessão e à loucura, à enfermidade e à morte.

Se todos perdoarmos, reformaremos a vida na Terra, apagando de todos os idiomas a palavra “ressentimento”, para convivermos, uns com os outros, acreditando realmente que somos irmãos diante de Deus.

Quando todos aprendermos a perdoar, o amor entoará hosanas, de polo a polo da Terra, e então o Reino de Deus fulgirá em nós e junto de nós para sempre.

Emmanuel

Lição 20 do livro Passos da Vida, de Francisco Cândido Xavier, pelos Espíritos Diversos. 

 

 




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