02 julho 2008

Melancolia

Melancolia é um estado mórbido de tristeza, languidez e depressão. Há certas ocasiões em que o pavor e o desespero invadem de tal maneira a nossa alma, que nos sentimos vencidos, enfraquecidos e derrotados. A melancolia arrebata a nossa força vital, induz-nos ao choro e arremessa os nossos pensamentos ao mais sombrio dos mundos. As lágrimas deslizam pela nossa face. Sentimo-nos impotentes frente aos desígnios divinos. Buscar orientações espirituais nos livros sagrados parece ser o único consolo prático.

A melancolia é uma característica dos grandes homens ou da humanidade? Aristóteles, filósofo grego da Antiguidade, adverte que ela seria uma condição apenas dos grandes homens. A orientação dos Espíritos superiores, contudo, diz o contrário. Eles alegam que o Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade e que, preso ao corpo que lhe serve de prisão, se extenua em vãos esforços para dele sair. Mas, vendo que são inúteis tais esforços, cai na languidez e no abatimento.

A melancolia faz-nos voltar para dentro de nós mesmos. É uma forma de fazer uma reflexão sobre o nosso nada, a nossa impotência, a nossa fraqueza. Quando nos voltamos para o nosso interior, vemos o quanto somos dependentes uns dos outros, o quanto precisamos do auxílio dos guias espirituais que nos acompanham. Há, porém, no meio dessa sofreguidão, um consolo: o de que o mundo material é apenas uma escola, um meio de passarmos pelas nossas provas e expiações. Nu viemos, nu voltaremos. Eis o grande ensinamento que nos remete à tomada de consciência de nossa pequenez.

Evocar o mistério é uma atitude constante dos melancólicos. O desejo reprimido, a esperança torturada – que nossa razão julga difícil de acontecer – parece já estar realizada no íntimo de nossa alma. Há, no meio das maiores dificuldades, uma luz interna que nos dá calma, tranquilidade, paz e harmonia, apesar de todo o exterior conspirar contra nós. É que a fé está acima da razão humana. É ela que nos dá a direção correta de nossos passos e orienta o nosso caminho, a fim de que o percorramos segundo os desígnios divinos e não os nossos.

Diante de qualquer dificuldade, lembremo-nos das orientações espirituais: "Resisti com energia a essas impressões que enfraquecem vossa vontade. Essas aspirações para uma vida melhor são inatas no espírito de todos os homens, mas não as procureis neste mundo. Lembrai-vos de que tendes a cumprir uma missão, durante vossa prova na Terra, uma missão de que nem suspeitais. Seja em vos devotando à vossa família, seja cumprindo os deveres que Deus vos confiou. E se, no curso dessa prova, e desempenhando a vossa tarefa, vede os cuidados, as inquietações, os desgostos se precipitarem sobre vós, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os francamente; eles são de curta duração".

"As dificuldades aumentam quando caminhamos para o fim". Não nos enganemos com os fogos fátuos do divertimento barato e da imaginação fértil. A vida foi feita para ser vivida e não para ser conhecida. Estejamos sempre atentos, pois nada acontece por acaso.

Fonte de Consulta

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984, capítulo V, item 25.


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