29 junho 2008

Cristo e Nós

Seguir os ensinamentos de Cristo nunca foi, não é e nunca será tarefa fácil. Os seus verdadeiros adeptos têm de passar por tolos, imbecis e loucos. Por quê? Porque a maioria das pessoas está mais voltada para os interesses materiais do que para os interesses espirituais. Geralmente aplicam a filosofia do "do ut des" ("dou para que dês"), isto é, acham que tudo se baseia numa troca lucrativa. Aquele que negligencia a facilidade financeira, o poder e o conforto é tido como inadaptado, fora dos parâmetros normais da sociedade de consumo.

Cristo alertou-nos sobre a bondade. Em sua prática, porém, surge-nos um mal-estar: somos sempre enganados pelos mais astutos. Este é um dos grandes espinhos na vida daqueles que querem exemplificar os ensinamentos de Jesus. Uma comparação auxiliará o nosso entendimento a respeito. Observe que foi a bondade e não a crueldade do Mestre que propiciou a traição de Judas. Se Cristo tivesse agido como Moisés, Judas não teria a oportunidade de cometer tal ato, pois seria morto antes de realizá-lo. Mas, em se deixando trair, enalteceu esta nobre virtude: tanto um quanto o outro foi útil no processo.

Os ensinamentos de Jesus são universais e estão espalhados no cosmo. Muitos pensadores utilizam-se da inspiração (mediunidade) para captá-los. Pietro Ubaldi, por exemplo, enaltece a mediunidade consciente, aquela em que o inspirado busca a essência do pensamento dos Espíritos Superiores. Não a coloca como simples passividade, em que o médium fica simplesmente esperando qualquer Espírito vir e dar a sua comunicação. Acha ele que deve haver sempre um esforço de evolução, ou seja, a procura incessante de conhecimentos mais elevados.

O Evangelho deixado por Jesus dá margens a diversas interpretações. Geralmente olhamos o mundo segundo a nossa ótica interior, fruto dos automatismos do passado. O que isso tem a ver com o seguir as pegadas do Mestre? É que não mudamos com facilidade. Quem não tiver o espírito do Cristo, poderá dizer que o segue, mas o segue a seu modo, ou seja, agindo de acordo com o seu caráter e personalidade, construídos ao longo das diversas encarnações. Por isso a frase: "Nem todos os que dizem Senhor, Senhor entrarão no Reino de Deus, mas somente aqueles que fizerem a vontade do meu Pai que está no Céu".

No âmbito do conhecimento adquirido, deve-se enaltecer a obra e não o autorNão quem, mas o que, ou seja, o autor passa, mas a Obra permanece. Num livro psicografado há, sem dúvida, o trabalho do médium, mas o conhecimento que daí advém não é criação sua, mas pertence à fonte pura, morada dos Espíritos superiores. Por isso, destacar a obra, ou mesmo o Espírito que a ditou, vale mais do que se ufanar pelo trabalho realizado. O médium ou o inspirado deve sempre se colocar como um simples intermediário.

Sigamos a Boa Nova do Mestre. Embora as circunstâncias nos mostrem um caminho sombrio, tenhamos confiança em Deus e enfrentemos os desafios que nos são colocados como provas, expiações ou missões.




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